A consultoria Oxford Economics tentou medir essa
diferença confrontando o valor do litro da gasolina com o poder de compra em 30
países, calculando qual fatia ele representa da renda da população local.
O Brasil aparece entre os três primeiros da lista. Um
litro de gasolina corresponde a 9% do salário médio diário do país, percentual
menor apenas do que o registrado nas Filipinas (19%) e na Indonésia (13%).
O preço médio da gasolina atingiu proibitivos R$ 7,219 na semana
entre 10 e 16 de abril, conforme os dados da Agência Nacional do Petróleo
(ANP).
Ainda assim, manter o valor pelo menos nos níveis
atuais até o fim de 2022 pode não ser tão fácil.
Entre as alternativas para estabilizar os preços, os
economistas destacam dois possíveis cenários: 1) os "custos" são
absorvidos pela própria estatal - ou seja, ela abre mão do lucro e mantém os
preços menores do que a paridade -; 2) o governo entra com subsídios, seja com
a criação de um fundo de estabilização de combustíveis ou com recursos do
próprio orçamento.
Ao renunciar a novos reajustes, a Petrobras abriria
mão do equivalente a 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em lucros, R$ 68
bilhões, calcula a Oxford Economics, levando em consideração as projeções para
o preço do barril de petróleo WTI e do dólar até o fim do ano. O impacto, nesse
caso, se daria majoritariamente sobre os acionistas da estatal.
O fundo de estabilização, por sua vez, é um mecanismo
com o qual já contam países como República Dominicana, México e Chile. Foi
defendido pelo economista Adriano Pires, que chegou a ser cotado para a
presidência da Petrobras quando o presidente Jair Bolsonaro decidiu retirar do
cargo o general Joaquim Luna e Silva, no último mês de março.
Nesse caso, os economistas argumentam que um fundo
como esse não seria criado em tempo hábil até o fim deste ano, entre outras
razões porque o presidente não tem apoio suficiente do Congresso, que
precisaria aprovar uma emenda constitucional para tirá-lo do papel.
Finalmente, para usar recursos do próprio orçamento
para financiar a estabilização dos preços, o governo poderia furar o teto de
gastos (e correr o risco de ser processado judicialmente por possível crime de
responsabilidade) ou convencer os parlamentares a aprovar uma emenda
constitucional para abrir recursos extraordinários no orçamento.
Dessa última forma, diz a análise, os custos da medida
seriam mais transparentes, mas uma nova flexibilização do teto de gastos
poderia ser mal vista pelo mercado e erodir ainda mais a credibilidade em
relação à sustentabilidade das contas públicas.
Por outro lado, acrescenta o texto, "deixar os preços
subirem pode proteger os acionistas da Petrobras e a reputação fiscal do
Brasil, mas vai restringir ainda mais o poder de compra dos consumidores,
elevando a probabilidade da ocorrência de greves e manifestações contra o
governo a poucos meses das eleições de outubro".
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-61196994. Acesso em 24/04/2022.
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