Chamamos de serras as
cristas residuais escarpadas, agrupadas ou não, arredondadas ou recortadas, que
destoam no campo visual do observador/observadora mesmo a distância. Vistas de
longe parecem ser azuis. Observadas de perto, nota-se que sua cor pode variar
sazonalmente: diferentes tons de verde no período de chuvas, entremeados pelas
cores acizentadas dos afloramentos rochosos ou dos solos, que podem apresentar
tons de amarelados a depender da composição ou tipologia.
A Serra do Aporá, que
significa morro isolado em tupi, é uma imponente forma de relevo, que se
constitui em um referente geográfico destoante no Recôncavo baiano. No topo
dessa crista residual pode-se ver, olhando no sentido leste (em direção a
cidade de Cruz das Almas), que a vegetação é mais verde. Ao voltar nosso campo
visual no sentido oeste (na direção da cidade de Cabaceiras do Paraguaçu),
nota-se que a vegetação vai se tornando mais seca e esparsa. Trata-se,
portanto, de uma área de interface fitogográfica que se esboça visualmente.
Nesse conjunto
paisagístico nota-se um outro elemento destoante, que também pode ser visto
claramente do topo da serra: o rio Paraguaçu, que nasce na Chapada Diamantina,
região central da Bahia, atravessa parte do semiárido baiano e deságua na Baía
de Todos os Santos, transitando por uma área de climas tropical sub-úmido e
úmido do Recôncavo. O espelho d’água se projeta visualmente sobretudo por causa
do barramento de Pedra do Cavalo.
No dia 8 de dezembro, data
na qual os católicos prestam homenagens a Nossa Senhora da Conceição em vários
municípios nordestinos, tradicionalmente, dezenas de pessoas sobem em procissão
a Serra do Aporá, na zona rural de Cabaceiras no Paraguaçu, na região do
Recôncavo baiano. Há aqueles/aquelas que consideram essa subida uma prática
devocional. No entanto, muitos vão apenas pelo lazer, por curiosidade ou porque
consideram a escalada ao aclive por um trajeto sinuoso e pedregoso uma prática
mais esportiva e lúdica do que uma manifestação de natureza religiosa.
Janio Roque Barros de Castro. Professor Pleno da
Universidade do Estado da Bahia – UNEB (Campus V – Santo Antônio de Jesus).
Área de atuação: Geografia.


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