Estudantes do CETIPES, participam de atividade pedagógica no cinema, assistindo ao filme Malês

 

Nos dias 20 e 21/10, quase 300 estudantes do 2º e 3º anos e 10 professores do Colégio Estadual de Tempo Integral Professor Edgard (CETIPES), localizado na cidade de Governador Mangabeira (BA), estiveram no cinema em Feira de Santana (Shopping Boulevard), assistindo ao filme Malês.

A atividade foi coordenada pela área de Ciências Humanas, levando em consideração o seguinte objetivo geral: refletir acerca das principais características da Revolta dos Malês, que aconteceu na Bahia 1835, utilizando como referencial o enredo do filme “Malês”, dirigido por Antônio Pitanga. Por sua vez, os objetivos específicos consistiram em: compreender o contexto histórico em que aconteceu a Revolta dos Malês; caracterizar o povo Malê e sua vinculação com a religião islâmica; entender os principais motivos que levaram a eclosão da Revolta dos Malês, analisar a situação social e econômica da Bahia no século XIX; discutir possíveis relações metodológicas entre História e Cinema.

Após o acesso ao filme, cada professor irá trabalhar em sala de aula com as principais temáticas abordadas no filme, principalmente a vinculação ao levante de escravizados muçulmanos em 1935, na cidade de Salvador, denominado de Malês. Posteriormente, os estudantes responderam atividades propostas por cada docente, a exemplo de um Google Formulário, contendo questões sobre o enredo do filme.

“Assim, agradecemos a todos e todas que contribuíram para a realização dessa relevante atividade pedagógica: aos(as) professores(as), aos(as) servidores(as) e a direção do CETIPES, bem como a maioria dos estudantes pelo bom comportamento e interesse pela atividade, sem esquecer da contribuição dos estudantes de História da UFRB, bolsistas do PIBID. Ainda, agradecer a SEC estadual, SEC municipal. a UNIMAM e a direção da escola pelo apoio no transporte, possibilitando aos educandos a oportunidade de conhecerem outros espaços, sobretudo o acesso ao cinema, assistindo ao filme Malês, que retrata a resistência do povo negro a escravização”, mencionou o professor Borges,

PRINCIAIS CARACTERÍSTICAS DA REVOLTA DOS MALÊS

Local – Salvador - Bahia (1835);

Fatores – a exploração aos escravizados e a questão do culto a religião Islâmica;

Participantes escravizados de origem mulçumana, ou seja, seguidores da religião islâmica, onde o profeta é Maomé, o Deus é Alá e o livro sagrado é o Alcorão, que sabiam ler e escrever.

Os malês (muçulmanos na língua iorubá) não comiam carne de porco, jejuavam as sexta-feira e, uma vez no ano uma dieta especial à base de inhame e, língua de vaca, arroz leite e mel. Esse período é conhecido como Ramadã (mês sagrado para os muçulmanos).

Principais líderes - Pacifico Licutân (Bilal), Manoel Calafate, Luís Sanim, estes que seguiam o Culto Malê, uma religião mista, composta de elementos africanos e muçulmanos;  

O que desejavam - o fim da escravidão, a perseguição religiosa contra aqueles que eram muçulmanos, além do domínio católico.

A data do levante – 25 de janeiro de 1835, um domingo. A luta durou a noite inteira , quando os malês, agitando espadas, facas e lanças enfrentaram soldados armados.

A participação feminina.

A participação feminina – a Historiadora Luciana Brito (UFRB), lembra que outra importância do episódio foi a alta participação de mulheres. Além do papel de Sabina da Cruz, ela diz que são muitos os relatos do envolvimento feminino, ainda que, "na documentação, apareçam de forma secundária". "Elas tiveram um papel fundamental na organização das mobilizações, com reuniões em suas casas. Elas sabiam o que estava acontecendo, guardavam armas e escritos em árabe. Tinham participação ativa nas decisões", explica.

A delação - foi uma africana liberta nagô chamada Sabina da Cruz. A maior estudiosa da personagem é a historiadora Luciana Brito. "Seu intento inicial era impedir que o marido participasse do levante. Ela denunciou porque queria evitar de toda maneira que ele participasse”.

Desfeche - cerca de 70 africanos foram mortos durante os combates e muitos outros ficaram ferido, vindo a falecer posteriormente. O tribunal que julgou os malês, procurou provar a superioridade dos brancos sobre os negros, dos homens de posses sobre os escravizados, da religião católica sobre as outras.

Outros foram presos e deportados para sua região de origem na África (Lagos, Nigéria ou Daomé).

Segundo o historiador baiano, João José Reis, especialista na temática e autor do livro - Rebelião Escrava no Brasil: a História do Levante dos Malês em 1835, que considera esse movimento como maior revolta escrava existente no Brasil, o objetivo das autoridades era o branqueamento da sociedade baiana livre.

Legado - resgatar tais episódios, na opinião dos especialistas, é importante para que a narrativa historiográfica não perpetue uma ideia de que a abolição foi um processo protagonizado por brancos, com o direito à liberdade sendo outorgado aos negros. "Foi um processo longo, fruto de revoltas e outras formas de resistência", ressalta Brito.

"O levante dos malês mostra essas pessoas como sujeitos políticos, com ideias de liberdade, projetos de vida. Até mesmo a Sabina, que era contra o levante, também mostra que havia diversidade de pensamento", acrescenta a professora.

Referências

BBC. O que foi a Revolta dos Malês, a maior rebelião de escravizados do Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clylp4x10jpo. Acesso em 25/10/2025.

BOULOS JUNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania. Volume I, 2ª ed. São Paulo: FTD, 2016.

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