arlúcia
Ferreira se preparou durante dois anos. O clima seco e quente do semiárido
baiano e as dificuldades encontradas ao decorrer da sua história lapidaram a
quilombola, que encontrou na força ancestral a motivação para criar rotinas
intensas de estudos e enfrentar os desafios.
Matriculada no
curso, as aulas começaram na modalidade EAD, por causa da pandemia do novo
coronavírus.
“Comecei a
estudar em casa, com auxílio das plataformas gratuitas e dos conteúdos do
projeto Enem 100%. Estudava de segunda a sábado, fazia duas redações e um
simulado por semana", contou a estudante.
"Tive o
apoio irrestrito de professores da escola, em especial a professora de redação
Vina Queiroz, que se reunia comigo para pensar estratégias de estudos e
transmitir”, lembrou.
Após concluir
o Ensino Médio no Colégio Estadual Antônio Batista, em 2019, Carlúcia Ferreira
foi aprovada no curso de enfermagem da Universidade Estadual da Bahia (UNEB).
No entanto, contrariando muitos conselhos, cancelou a matrícula para
continuar em busca do seu sonho, que era passar em medicina.
Além da rotina
de estudos, Carlúcia Ferreira se dedicava a pequenos empreendimentos, com venda
de lanches, artesanatos, aulas de reforço escolar para crianças da comunidade e
um grupo de dança. Mesmo com tantas atribuições, o desejo da jovem não foi
afetado.
“Meus pais
nunca puderam dar algo a mais do que o básico. Então, a minha vida no quilombo
sempre foi muito limitada. Porém, isso não impediu que eu sonhasse grande e,
com o incentivo da minha mãe, nunca desisti da Medicina. Gosto de pessoas e de
cuidar delas", contou.
"Quero
estar presente tanto nos momentos mais tristes, quanto nos mais felizes. Sou
uma prova de que uma preta e pobre pode ser uma médica”.
Carlúcia
Ferreira mora em uma casa pequena, com os pais e sua irmã. Sua mãe Luciene
Santos Alves Silva tem 47 anos e trabalha como lavradora. Conhecida no quilombo
como Tia Yô, ela diz estar realizada com a conquista da filha.
“É uma
felicidade muito grande. Sempre sonhei em estudar, mas na minha época as
mulheres daqui não podiam, isso era coisa de menino. Estou emocionada e muito
feliz", disse a jovem.
Fonte:
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2021/08/21/estudante-quilombola-da-bahia-realiza-sonho-apos-ser-aprovada-em-medicina-na-ufpel-preta-e-pobre-pode-ser-uma-medica.ghtml.
Acesso em 22/08/2021.
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