Pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) mostra que apenas 14,87% dos recém-formados que pegaram o diploma em 2019 e 2020 conseguiram vagas nas suas áreas de formação após três meses da formatura.
Em relação ao último levantamento, feito em 2019 com formados entre
2014 e 2018, houve uma
redução de 45% na quantidade de pessoas que se colocaram no mercado de trabalho para
o qual se formaram em até um trimestre depois da formatura. Há dois anos,
27,02% dos entrevistados afirmaram ter conseguido emprego em suas áreas de
formação em menos de três meses.
Dos entrevistados, 52,12% afirmaram não estar trabalhando - 27,85% estão desempregados há mais de um ano. Dos 43,05% já inseridos no mercado, apenas 19,93% estão executando atividades relacionadas às suas profissões. O estudo teve a participação de 8.465 brasileiros de todos os estados do país e Distrito Federal.
O levantamento
mostra que, com a escassez de vagas, os profissionais com nível superior de
escolaridade acabam aceitando trabalhar em funções que exigem nível fundamental
e médio.
De acordo com
o IBGE, a taxa de desemprego entre as
pessoas de 18 a 24 anos ficou em 29,8% no último trimestre de 2020,
mais que o dobro da taxa média nacional, de 13,9%.
Entre os
exemplos apontados na pesquisa estão administradores atuando como operadores de
caixa e cozinheiros, e pedagogos exercendo funções de faxineiros ou
acompanhantes de idosos.
Há ainda
contadores e advogados trabalhando como frentistas, designers de games como
auxiliares de crédito imobiliário, enfermeiros como cabeleireiros, formados em
letras na função de porteiro, nutricionistas trabalhando como babás ou
manicures, engenheiro elétrico atuando como motorista de aplicativo e
engenheiro mecânico que trabalha na função de motoboy.
Para quem tem
mais de uma graduação, a situação também pode ser difícil. “Isso mostra como
antes mesmo do coronavírus as organizações já enfrentavam certas dificuldades.
Entretanto, depois da chegada da crise sanitária, a realidade ficou ainda mais
desafiadora, principalmente para o público mais novo”, diz Seme Arone Junior,
presidente do Nube.
Segundo Arone
Junior, o jovem, ao concluir cursos como direito, psicologia, fisioterapia ou
biologia, sonha em exercer funções na sua área de graduação. Por falta de
chances, ele acaba buscando diferentes ocupações, mas ainda almeja uma
possibilidade dentro do seu ramo.
“Isso
não é demérito algum. Seja como frentista, jardineiro ou faxineiro, certamente
esse indivíduo fará o seu melhor. Contudo, o principal caminho para transformar
o Brasil em uma nação altamente desenvolvida é por meio da educação e da
capacitação. Portanto, é preciso criar mecanismos para aproveitar todos esses
talentos com mão de obra qualificada. Não podemos deixar de lado esse
conhecimento. Só assim poderemos mudar a realidade do nosso país", afirma.
Empresas
exigem demais, dizem candidatos
Embora 60,81%
dos participantes tenham estagiado durante a faculdade, 65,71% relataram como a
maior dificuldade para serem aprovados para uma vaga o fato de as empresas
exigirem experiências que os candidatos não possuem.
O estudo
mostra ainda que apenas 2,82% dos entrevistados conseguiram vagas de trainee. E
11,11% já desistiram de procurar empregos por conta da pandemia.
“O estágio é
uma excelente fonte de capacitação. Entretanto, com a economia incerta, as
companhias demandam cada vez mais habilidades dos seus colaboradores, não
apenas as técnicas oferecidas em sala de aula. É preciso também fazer cursos
extracurriculares, construir um bom networking e aproveitar todas as chances
para aprender sobre sua carreira”, orienta o presidente do Nube.
Fonte: https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2021/04/18/apenas-15percent-conseguem-emprego-na-area-em-ate-3-meses-apos-formatura-diz-pesquisa.ghtml. Acesso em: 18/04/2021
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