O mencionado TCC, têm como objetivo Analisar as
práticas de crenças e devoções realizadas na zona rural de Muritiba entre os
anos de 1970 a 2000, levando em consideração as vivências de algumas pessoas
praticantes da benzeção e das rezas, bem como observar como o catolicismo
popular aparece na vida dessas pessoas, através da devoção e culto ao santos. Para
tanto, foi utilizada a concepção metodologia da entrevista, quando foram entrevistadas
seis rezadeiras e um rezador, tendo como aporte teórico os estudos de
pesquisadores(as) como: Elen Cristina Dias de Moura, Alaize dos Santos Conceição,
Denilson Lessa dos Santos, Alberto M. Quintana, Elivaldo Souza de Jesus, dentre
outros.
O texto em forma de artigo foi dividido nos
seguintes tópicos: introdução, contextualização geográfica, catolicismo popular
no Brasil: da colônia a contemporaneidade, visão cósmica e cristã nas práticas
de benzeção, crenças e devoções nas Comunidades de Tabuleiro da Baiana, Carro
Quebrado, Pernambuco e Posto Sanca, as rezadeiras e a devoção aos santos e
considerações finais.
Segundo a
pesquisadora, o TCC foi inspirado na vivência com sua avó – Benedita Quedes
Flores, que era rezadeira na localidade de Carro Quebrado. “Assim tornar visÃvel as práticas dessas mulheres em uma perspectiva
historiográfica, configura-se como algo relevante na minha trajetória como
estudante de História, ou seja, procurar dar voz àquelas que considero
“excluÃdas da história”, a exemplo de minha inesquecÃvel avó, que foi a principal
inspiração para produção dessa narrativa”.
Nas
considerações finais, a autora do aludido TCC, evidencia a importância da realização
de pesquisas com essas temáticas no campo historiográfico: “tornar visÃvel os
saberes das rezadeiras das comunidades de Carro Quebrado, Tabuleiro da Baiana, Pernambuco
e Posto Sanca, se configura como uma importante e necessária missão para nós
historiadores, enfatizado a construção de um tipo de história visto de baixo,
em que os sujeitos são pessoas do povo, muitas vezes “excluÃdas da história”.
Evidente, que ainda se têm muito a pesquisar acerca da pratica das rezadeiras,
mas narrativas com essas são fundamentais para “dar voz” a esses sujeitos
históricos com trajetórias de vidas tão significativas”.
“Parabenizo
a Mirian Flores pela defesa do seu TCC, uma qualificada narrativa acerca de um
tema tão relevante, ou seja, as práticas das rezadeiras, um ofÃcio que ainda se
mantém vivo em muitas localidades do Brasil, mesmo com as mudanças tecnológicas
atuais. De qual forma, parabenizo a sua orientadora, professora Tânia Maria
Pinto pela orientação ao TCC e a banca examinadora pelos argumentos apresentado
na citada defesa”, salientou o professor Borges.
A seguir constam alguns depoimentos de
algumas rezadeiras presentes no texto do mencionado TCC.
“Eu
rezo é com folha, pedra é para rezar quem dismente pé e agua é pra rezar
cobrero, impinjo e sartador é esse fogo salvai [...], e o cobrero, impinjo e
fogo salvai, bota um pouquinho de cinza, bota um pouquinho de sal e a agua e
reza. [...]. E para olhado eu rezo com pinhão, com essa bassorina [...]. Pra
rezar do vento chá de Maria [...]”. (MOREIRA, Edelzuita Damasceno, 2020).
“A
do cobreiro eu achei num caderninho do meu avô [...] a do impinge meu pai
passou pra mim [...], e a de dor de cabeça foi dona Elvira que me ensinou eu
copiei um pouquinho, a do olhado foi tia Jininha e ai as outras você vai
aprendendo alguém vai indicando a gente vai pegando escrevendo, a de engasgo
foi dona Lora [...] o que eu mais rezo mesmo é a do olhado e ar do vento”
(SANTOS, Cristina Silva Oliveira dos, 2022).
“Com
dois te botaro, com três eu te tiro, com os puder de Deus e da virgem Maria.
Foi de feia, foi de magra, foi de gorda, foi no cume, no bebe, na esperteza, na
buniteza eu tiro esse olhado, esse quebranto, com os puder de Deus e da virgem
Maria de fulana com má zoi te olharo com bom zoi eu tiro esse quebranto essa
mufina, com os puder de Deus e da virgem Maria. Depois rezar um pai nosso uma
ave Maria e santa Maria, e ao final falar nossa senhora que ponha a virtude.
Reza com três ramos (galhos) de vassourinha doce, pinhão roxo e depois jogar o
ramo na direção que o sol se escravar” (FLORES, Benedita Guedes, 2020).
Meu santo mermo é São Cosme, São Damião, por que eu tive gêmeos, só no faço rezar, mas sempre dia 27 eu dou os quemado os menino eu junto sete minino. [...]. Quem rezava tudo era mainha, mainha que rezava pra São Cosme, Santo Antonio, Santa Barbara, mainha rezava também todo ano tinha a procissão de São Roque, todo ano ela fazia aqui pra João Ribero, depois que ela morreu, ela tem oito ano de morta,[...]”. (ROCHA, Jacinta Dias da, 2022).
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