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Martin Luther King Jr.
Testemunhamos a violência conquistando muitos entusiastas na sociedade brasileira. Mas sabemos que ela nunca esteve ausente no nosso processo histórico; assassinatos de pessoas negras e indígenas, brutalidades contra pessoas LGBTQIA+ e as violências domésticas são situações tão frequentes que até parece que faz parte da cultura brasileira. E como se não bastasse, ainda temos que lidar com golpistas, extremamente violentos, destruindo patrimônio público e pedindo intervenção militar. Em resumo, vivenciamos um caldeirão de sangue, lágrimas e horror. Por essa razão é importante sempre celebrarmos os personagens históricos que lutaram por um mundo em que a justiça social prevalecesse, e a violência não fosse à linguagem corrente.
Isso possibilita
estimularmos laços de solidariedade e inspirar pessoas na luta por
direitos humanos. Martin Luther King Jr., líder do movimento
dos direitos civis e defensor da não-violência, é um desses personagens. Nos
Estados Unidos, a sua homenagem ocorre anualmente na terceira segunda-feira de
janeiro.
Dr. King nasceu
em 15 de janeiro de 1929, Atlanta, no Estado da Geórgia. Estudou doutorado em
Teologia na Universidade de Boston, e, influenciado pelo pai, atuou como
ministro na Igreja Batista. Naquela época os negros sofriam com a
segregação racial assegurada pelas Leis Jim Crow (1876−1965), e para romper
essa barreira que separava os negros e os brancos, Dr. King passou a defender a
desobediência civil. Porém, sem que a violência fosse utilizada como recurso
nos protestos e movimentos. A sua defesa apaixonada pela não-violência
contribuiu para que conquistasse o prêmio Nobel da Paz conquistou, em 1964.
Ele
também possuía uma característica muito pouco explorada. Dr. King era
anticapitalista, mas, por razões que interessam às classes dominantes, esse
pensamento político não acompanha as narrativas produzidas pelos meios de
comunicação e materiais didáticos que contam a sua trajetória. Em entrevista, a
intelectual bell hooks (1984)¹
comentou que a crítica ao imperialismo e militarismo são facetas de Dr. King
que a escola não vai ensinar às crianças. Portanto, deixo alguns
fragmentos dos seus discursos que atestam essas questões.
“Os
males do capitalismo são tão reais quanto os males do militarismo e os males do
racismo.”
“Devemos
reconhecer que não podemos resolver nosso problema agora até que haja uma
redistribuição radical do poder econômico e político… isso significa uma
revolução de valores e outras coisas. Devemos ver agora que os males do
racismo, exploração econômica e militarismo estão todos ligados… você não pode
realmente se livrar de um sem se livrar dos outros… toda a estrutura da vida
americana deve ser mudada. A América é uma nação hipócrita e [nós] devemos
colocar [nossa] própria casa em ordem.”
“Quando
digo que devemos questionar toda a sociedade, quero dizer que, em última
instância, devemos perceber que o problema do racismo, que o problema da
exploração econômica e o problema da guerra estão relacionados. Esses três
pilares diabólicos estão inter-relacionados.”
“Há
40 milhões de pobres aqui, e um dia nos perguntaremos: ‘Por que há 40 milhões
de pobres na América?’. E quando fizerem essa pergunta, vocês se questionarão
sobre o sistema econômico e sobre uma distribuição mais ampla da riqueza.
Quando fizerem essa pergunta, vocês começarão a questionar a economia
capitalista. E estou simplesmente dizendo que precisamos fazer, mais e mais,
essas perguntas a toda a sociedade.”
“Desde
minha adolescência, eu tinha uma preocupação profunda com o abismo entre a
riqueza supérflua e a pobreza abjeta, e minha leitura de Marx me tornou mais
consciente desse abismo. Embora o moderno capitalismo americano tenha reduzido
essa distância por meio de reformas sociais, ainda havia a necessidade de uma
melhor distribuição da riqueza. Além disso, Marx tinha revelado o perigo do
motivo lucro como base única de um sistema econômico: o capitalismo corre
sempre o perigo de inspirar os homens a se preocuparem mais em ganhar a vida do
que em construir uma vida. Tendemos a avaliar o sucesso de acordo com nossos
salários ou com o tamanho de nossos carros, e não pela qualidade de nosso
serviço à humanidade e de nossa relação com ela.“
¹Entrevista
com bell hooks
Disponível: <https://bombmagazine.org/articles/bell-hooks/>. Acesso: 11
jan. 2023
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Clayborne
Carson (Org.); Martin Luther King. A autobiografia de Martin Luther
King. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:
Zahar, 2014
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Clayborne
Carson (Org.); Martin Luther King. A autobiografia de Martin Luther
King. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:
Zahar, 2014
ENCICLOPÉDIA
BRITANNICA. Martin Luther King, Jr.
Disponível: <https://www.britannica.com/biography/Martin-Luther-King-Jr>.
Acesso:10 jan. 2023
PORTAL
MLK GLOBAL. Martin Luther King on Capitalism in His Own Words. Disponível:
<https://mlkglobal.org/2017/11/23/martin-luther-king-on-capitalism-in-his-own-words/>.
Acesso:10 jan. 2023
PRIZE
NOBEL. Martin Luther King Jr.
Disponível:
<https://www.nobelprize.org/prizes/peace/1964/king/facts/>.
Acesso: 11 jan. 2023
Disponível
em: https://www.geledes.org.br/o-pensamento-anticapitalista-de-martin-luther-king-jr/.
Acesso em 20/01/2023.
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