Margareth
Menezes deu a declaração ao conceder entrevista coletiva no Centro Cultural
Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde
atua a equipe de transição de governo.
Mais
cedo, nesta terça, a cantora se encontrou
com Lula no hotel onde o presidente eleito está hospedado, na
capital federal.
"Foi
uma conversa [com Lula] muito animadora para a gente que é da área da cultura.
Nós conversamos, e eu aceitei a missão. Recebo isso como uma missão mesmo. Foi
uma surpresa para mim também", declarou a artista.
Em
seguida, ela acrescentou que existe a "necessidade de a gente fazer uma
força-tarefa para a gente levantar o Ministério da Cultura".
"Agora
é isso: a gente juntar todo mundo, a gente ouvir todo mundo, a gente levantar
primeiro o ministério e fazer a cultura do Brasil no lugar que ela sempre
merece de reconhecimento, que sempre foi reconhecida no mundo inteiro todas as
áreas da cultura. As culturas populares, a gente reascender o caminho que foi
criado."
Perfil
Aos 60 anos completados em
outubro, ela é fundadora da ONG Fábrica Cultural e criadora do Mercado Iaô.
Maga, como é conhecida, completou 60 anos em outubro deste ano. Nascida na Boa Viagem, região da Península de Itapagipe, em Salvador, Margareth é a filha mais velha de cinco irmãos. À frente do Ministério da Cultura, ela terá o trabalho de liderar a pasta que foi extinta no governo Bolsonaro.O dom para a arte veio de família: ela cresceu vendo o avô tocar violão e vivenciou os pais se reunindo em volta do aparelho de som. Precursora do movimento AfroPop, Margareth foi a primeira voz do samba-reggae gravado no Brasil, com a icônica música 'Faraó – Divindade do Egito'.
Gravada em 1987, a canção de Luciano Gomes vendeu mais de 100 mil cópias, e abriu portas para a cantora, que assinou um contrato com uma gravadora, e lançou o seu primeiro álbum no ano seguinte.O disco rendeu dois troféus Imprensa de 'Melhor Disco' e 'Melhor Cantora', além de encantar o músico, compositor e produtor musical escocês David Byrne, que a convidou para abrir os shows da turnê mundial do grupo Talking Heads. A turnê percorreu um total de 42 países na América do Sul, América do Norte, e Europa.
Desde então, Margareth colecionou 23 turnês internacionais, 15 álbuns e quatro indicações ao Grammy. Sua carreira é marcada por diversas parcerias, como Gilberto Gil – outro baiano que também foi escolhido por Lula para o Ministério da Cultura, mas no primeiro mandato.
m 1990, Margareth se apresentou,
ao lado de Gil e Dominguinhos, em uma série de espetáculos do projeto Bast
Chrome Music, dirigido por Milton Nascimento e pelo
próprio Gil. Maga dividiu também a capa da revista The Beat, com os dois.
Por mais
de dez anos foi madrinha e estrela maior do Os Mascarados, bloco de fantasiados
que se tornou um dos maiores do carnaval de Salvador. Após um forte apelo
popular em 1999, em 2008 deixou de ser comercializado, ou seja, para
participar, bastava estar fantasiado.
Em 2001, o álbum
Afropopbrasileiro foi lançado com a produção de Carlinhos Brown e Alê
Siqueira. Entre as onze faixas, está uma das principais canções da carreira de
Margareth, Dandalunda, composta por Brown e considerada a melhor música do
carnaval de 2003.
A música
rendeu para Margareth um Troféu Dodô e Osmar de Melhor Música e de Melhor
Cantora do Carnaval Baiano. O CD Tete-a-Tete, com participação de Carlinhos
Brown e da banda Cidade Negra. Nele
mais um grande o sucesso foi apresentado ao público e fez história, 'Toté de
Maianga'.
Já em 2005, Margareth lançou o
Movimento Afropop Brasileiro, bloco sem cordas, aberto ao público, que festeja
a cultura negra no Brasil. O Ilê Aiyê, Muzenza, Cortejo Afro, Filhos de Gandhy
e MalêdeBalê, são alguns dos blocos afros que apoiam o Afropop. O projeto
reuniu Gilberto Gil, Daniela Mercury, Lazzo Matumbi, Roberto Mendes, Virgínia Rodrigues, Mariene de Castro, entre outros.
Além de ser uma mulher do axé, Margareth também tem forte devoção a Santa Dulce dos Pobres, da Igreja Católica. Ela, inclusive, é embaixadora das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID).Em 2019, a cantora esteve no Vaticano, na cerimônia de canonização da então Irmã Dulce.
No ano de 2008, Margareth criou a
Fábrica Cultural: uma instituição social que promove educação e cultura com
ações sociais criativas e sustentáveis, para desenvolver crianças, jovens e
também a comunidade, com cursos profissionalizantes e oficinas de arte e
educação.
A Fábrica
Cultural passou a abrigar o Mercado Iaô, que desde 2014, leva música, artes
visuais, gastronomia, além de mais de 100 artesãos e empreendedores criativos,
contando sempre com shows de Margareth, para sempre menina da Ribeira.
Como referência, a cantora sempre foi
uma artista que não esconde ou foge do debate. Corpo negro e político, ela fez
e faz questão de ser voz para os seus e outras minorias. Em 1983, ela
participou da criação do espaço Gran Circo Troca de Segredos, que revolucionou
a cena cultural de Salvador.
Margareth Menezes hoje é referência
para artistas como Xênia França, Luedji Luna, Larissa Luz, Afrocidade e Iza. A mulher negra que muitas vezes teve que enfrentar sozinha
as adversidades, pavimentou o caminho para uma nova geração que hoje a
reverencia.
Fontes
Acesso 13/12/2022.
0 Comentários