Pesquisa revela o impacto emocional da pandemia: 3 em cada 10 jovens entrevistados relataram sintomas de ansiedade

 


Uma pesquisa do Unicef mostra o impacto da pandemia na saúde mental de brasileiros de 12 até 35 anos, e a situação entre os jovens entrevistados chamou a atenção: três em cada dez relataram sintomas de ansiedade.

Gustavo Silva tem 17 anos. Ele sempre foi muito tímido e disse que há anos sente alguns sintomas de ansiedade, mas percebeu que durante a pandemia a situação piorou demais. E na volta às aulas presenciais, este ano, se agravou ainda mais.

“O nervosismo foi muito grande. Eu sentia muito enjoo, eu cheguei a vomitar, tive muito mal-estar. Foi muito difícil no início”, conta Gustavo.

Na faixa de idade do Gustavo, de 15 a 19 anos, a pandemia teve grande impacto na saúde mental. De acordo com a pesquisa do Unicef, mais da metade desses jovens sentiu que precisou de ajuda. Esses adolescentes foram perguntados para quem pediram ajuda: 42% disseram que não pediram ajuda, e apenas 13% recorreram a um psicólogo ou psiquiatra.

O Gustavo foi dos jovens que buscou acompanhamento de um médico, e ele disse que agora a qualidade de vida dele mudou radicalmente.

“Minha rotina está sendo mais fora do quarto. Antes, eu ficava basicamente dentro do quarto. Esse convívio social fora de casa é muito bom. Eu me sinto mais vivo, muito melhor.”, diz Gustavo.

Uma das perguntas foi sobre a saúde mental de cada um depois da volta às atividades presenciais. A grande maioria, 61%, disse que passa por dias bons e ruins; 26% disseram estar bem; e 10 % disseram não estar nada bem. Quando a pergunta foi sobre a sensação em relação aos últimos dias, 35% disseram estar ansiosos; 11%, preocupados consigo mesmos; 9%, “indiferentes”; e 8%, “deprimidos”. Apenas 14% disseram estar “felizes”.

A vice-diretora da escola do Gustavo diz que o resultado da pesquisa é visível no dia a dia da escola.

Está sendo muito corriqueiro essa questão da crise de ansiedade com os estudantes, independentemente da série, da idade, da situação financeira e dos problemas que têm em casa, que todos eles sempre tiveram. Às vezes, o que dispara é uma nota que não é tão ideal, que ele achava que ia tirar. Ou às vezes só de vir para a escola já está com a crise”, disse Tatiana Abreu.

A chefe do Departamento de Programas do Unicef no Brasil, Gabriela Mora, destaca que a pandemia tornou ainda mais explícitas as desigualdades sociais. Ela lembrou que metade dos entrevistados não sabia nem a quem recorrer, e reafirmou a importância das políticas públicas nessa área.

“Nessa área de saúde mental, a gente tem um grande desafio, porque, por exemplo, os centros de atenção psicossocial não estão disponíveis em todos os municípios. Isso deveria ser uma questão coberta pela atenção primária na saúde, mas não só a saúde deve ser responsável”, afirma Gabriela.

Ministério da Saúde afirmou que o SUS tem serviços especializados em saúde mental para crianças e adolescentes. E que, com a pandemia, a cobertura foi ampliada com atendimentos no formato remoto.

Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/05/30/pesquisa-revela-o-impacto-emocional-da-pandemia-3-em-cada-10-jovens-entrevistados-relataram-sintomas-de-ansiedade.ghtml. Acesso em 30/05/2022.

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