Palmeiras da Praça Castro Alves da cidade de Governador Mangabeira: o esquecimento da Prefeitura no replantio de uma delas e sua importância histórica

 



Há mais de um ano aconteceu a requalificação da Praça Castro Alves na cidade de Governador Mangabeira, porém a Prefeitura Municipal, através dos seus órgãos competentes não teve o interesse devido para realizar o replantio da palmeira que fica em frente a Igreja Matriz, visando completar o conjunto das três (3) árvores, as quais são consideradas por lei Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural de nossa cidade.

Sem dúvidas, essa atitude demonstra a falta de valorização do Poder Público local com a memória coletiva do povo mangabeirense, e consequentemente a falta de políticas públicas voltadas para a preservação da história, do patrimônio e símbolos culturais do município, ato que se agravou com o plantio recente de uma outra planta no lugar da histórica palmeira.

Vale destacar, que relatos de forma pessoal, já foram apresentados a alguns agentes públicos municipais no sentido de replantar a palmeira, enfatizando para esses agentes o valor histórico, simbólico e representativo dessas árvores, mas, até então o replantio não foi realizado.

Fica o apelo a Prefeitura Municipal por intermédio dos órgãos competentes, que possam realizar o mais breve possível o replantio da palmeira, como forma de contribuir para a valorização de um símbolo da história local, ressaltando que em 14 de março de 2022, nosso município completa 60 anos de emancipação política, e as palmeiras têm uma relação direta com esse fato histórico.

O apelo e sugestão se estende ao poder hierárquico e aos seguidores da Igreja Católica no município, no sentido de reivindicar tal ação junto a gestão municipal, visto que as palmeiras e o templo católico central (Igreja Matriz), compõem uma simbiose de trajetória histórica, além disso, documentos oficiais comprovam que o terreno da citada Praça pertence a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.

Também, se faz importânte a participação da sociedade civil organizada, no sentido de reivindicar as autoridades locais o replantio da palmeira, bem como contribuir para a preservação das duas palmeiras que ainda existem, especialmente a mais velha dela, que com sua imponente altura e de nomenclatura imperial, acompanhou a trajetória de nossa cidade por mais de 100 anos.

Breve histórico sobre as três palmeiras



Segundo pesquisas históricas embasadas na tradição oral, as mencionadas palmeiras foram plantadas por moradores da então Vila de Cabeças na década de 1920, com o passar dos anos, o raio matou uma delas, já em 2011 por motivos de segurança, outra palmeira foi cortada pela prefeitura municipal, restando assim, apenas uma palmeira das primeiras a serem plantadas, já no ano de 2012 (cinquentenário de emancipação política do município), a então prefeita Domingas da Paixão, em um ato histórico realizou o replantio das duas palmeiras que faltavam, porém em 2020 uma dessas palmeiras replantadas foi arrancada (segundo informações oficiais por motivos de doença), quando a Praça Castro Alves passou por reformas.

No contexto histórico da emancipação política da Vila de Cabeças (14 de março de 1962), as três palmeiras chegaram a ser mencionadas pelos moradores para a denominação da nova cidade, uma vez que o nome Cabeças tinha uma vinculação com algo trágico, porém a sugestão do nome relacionado com as citadas árvores foi vencida por uma homenagem ao ex governador da Bahia Otávio Mangabeira, passando o novo munícipio a se chamar de Governador Mangabeira.

A importância das três palmeiras, também está presente na letra no hino de nosso município, sendo os autores Adilson Cruz (im memoriam) e Nalinaldo Mello: “Vários nomes foram citados / Altinópolis, Betânia e Três Palmeiras / Mas te homenageamos com o nome / Do saudoso Otávio Mangabeira”.

Por último, alertar as autoridades municipais que existe um Projeto de Lei (Nº 03/2010), de autoria do então vereador Luís Carlos Borges da Silva, relacionado a importância história e preservação das aludidas palmeiras. A seguir constam alguns artigos do referido Projeto, aprovado em 01 de fevereiro de 2010 pela Câmara Municipal.

Artigo 1º - Ficam transformadas em Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural as palmeiras existentes na Praça Castro Alves de nosso município.

Artigo 3º - Fica proibida a partir da data de aprovação deste Projeto, a instalação de qualquer objeto no tronco das palmeiras, e usar as mesmas para fins de propaganda e de interesse comercial.

Artigo 5º - Fica o município, através da Secretaria de Meio Ambiente, na incumbência de instalar placas próximas as palmeiras, explicitando que as mesmas são reconhecidas como Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural.

Por: Luís Carlos Borges da Silva (Professor Borges) - Licenciado em História pela UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), especialista em História Regional pela UNEB (Universidade do Estado da Bahia), especialista em História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena pela FAMAM (Faculdade Maria Milza) e pela UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), professor do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor Edgard Santos (CEPES) – Governador Mangabeira (BA) e da Escola São Luís – Muritiba (BA). Autor da Monografia (UNEB, 2010) – A Vila e o Coronel: poder local na Vila de Cabeças (1920 a 1962).

Fotos: arquivo particular de Luís Carlos Borges da Silva.

 

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1 Comentários

Unknown disse…
Muito bem lembrado !
Nossa história não pode ser esquecida !