A comunidade congolesa no Brasil
divulgou uma carta de repúdio afirmando que Kabagambe foi espancado por cinco
pessoas, entre elas o gerente do quiosque, com um taco de baseball.
“Esse ato brutal não somente
manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas
claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas contra os
estrangeiros”, diz a nota de repúdio, lembrando que o Brasil é signatário de convenções
que garantem a proteção dos direitos humanos.
“Por isso exigimos a justiça para
Moise e que os atores do crime junto ao dono do estabelecimento respondam pelo
crime! Combater com firmeza e vencer o racismo, a xenofobia, é uma condição
para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática.”
Segundo o Ministério da Justiça e
Segurança Pública, de 2011 a 2020, 53.835 pessoas foram reconhecidas como
refugiadas no Brasil, das quais 1.050 delas eram congolesas, ou seja, 2% do
total.
São pessoas que buscaram abrigo
no país fugindo de conflitos armados no Congo e de violações dos direitos
humanos.
No sábado (29), amigos e familiares do jovem fizeram uma manifestação em frente ao quiosque. Eles
seguravam cartazes pedindo justiça e dizendo que a comunidade congolesa no Brasil
não vai se calar.
“Meu filho cresceu aqui,
estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha.
Mataram ele. Quero só justiça”, disse Ivana Lay, mãe do jovem, ao “Bom Dia
Rio”, da TV Globo.
“Uma
pessoa de outro país que veio para cá para ser acolhido e vocês matam ele
porque pediu o salário? Porque ele falou que estão devendo?”, questionou
Chadrac Kembilu, primo de Moise.
Nas redes sociais, a
morte do jovem gerou comoção. “Esse ato brutal não manifesta somente racismo
estrutural da sociedade brasileira, mas também a xenofobia em sua pior forma.
Exigimos justiça para Moise, seus familiares e amigos”, publicou nas mídias
sociais o Instituto Marielle Franco.
“Absurdo,
revoltante e inaceitável o caso do imigrante congolês Moise, que estava apenas
cobrando o pagamento de seu salário num quiosque na Barra da Tijuca e foi
assassinado a pauladas. O racismo segue destruindo vidas em nosso país!
Queremos justiça!”, escreveu a ex-deputada Manuela d’Ávila (PCdoB).
Em
nota, a Polícia Militar diz que policiais passavam pelo local do crime, no dia
24, quando avistaram uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência) e decidiram verificar o que estava acontecendo. Como Moise já estava
morto, os agentes acionaram então a Polícia Civil para investigar o caso.
A
Polícia Civil, por sua vez, afirma que analisou câmeras de segurança para
apurar o crime e identificar os responsáveis.
A Folha entrou
em contato com o quiosque Tropicália, onde Moise trabalhava, mas não obteve
resposta até a conclusão da reportagem.
Fonte:
https://www.geledes.org.br/familia-denuncia-que-moise-mugenyi-kabagambe-foi-espancado-ate-a-morte-no-rio-apos-cobrar-salario-atrasado/.
Acesso em 01/02/2022.
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