PALAVRAS DE ORIGEM AFRICANA EM NOSSO VOCABULÁRIO

A língua é viva e se move entre cidades, estados, países e continentes. Se move de dentro para fora, pelas bordas, no meio de um rio. Transforma dor em carinho. Tem cor, tem história.
Hoje o Brasil é o país com mais descendentes africanos fora da África – 54% da população é afro-descendente, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As religiões africanas, por sua vez, foram fundamentais para a perpetuação linguística de diferentes povos. Isso porque o conhecimento dos termos africanos é essencial para integrar-se nessa comunidade, vivenciar seus rituais e se conectar com a própria identidade e ancestralidade.
Confira agora algumas das centenas de contribuições africanas para a língua portuguesa e para a cultura brasileira:
Dengo

Segundo os dicionários, a palavra significa “lamentação infantil”, “manha”, “meiguice”. Contudo, a palavra de origem banta (atualmente Congo, Angola e Moçambique) e língua quicongo tem um sentido mais profundo e ancestral: dengo é um pedido de aconchego no outro em meio ao duro cotidiano.

Cafuné

Também do quimbundo vem a palavra cafuné, que significa acariciar/coçar a cabeça de alguém.

Caçula

Do quimbundo kazuli, que significa o último da família ou o mais novo.

Moleque

Do quimbundo mu’leke, que significa “filho pequeno” ou “garoto”, era um modo de se chamar os seus filhos de mu’lekes. Com o passar do tempo, a palavra começou a apresentar um significado pejorativo, devido ao preconceito existente contra tudo o que era próprio dos negros, inclusive o modo como chamavam os seus filhos. Antes da abolição da escravidão, por exemplo, chamar um menino branco de “moleque” era uma grande ofensa. Atualmente, a palavra “moleque” é atribuída a crianças traquinas e desobedientes. Também é utilizada para qualificar a personalidade de uma pessoa brincalhona ou que não merece confiança.

Quitanda

Do termo quimbundo kitanda, trata-se de um pequeno estabelecimento onde se vende produtos frescos, como frutas, verduras, legumes, ovos, etc.

Fubá

Fuba, da língua banta quimbundo, é uma farinha feita com milho ou arroz. Feijão e angu – creme feito apenas com fubá e água – eram a base da alimentação dos africanos e afro-brasileiros. Hoje, vários pratos e quitutes são preparados com o ingrediente, sendo o bolo de fubá o mais querido entre os brasileiros.

Dendê

Do quimbundo ndende, o dendê, ou óleo de palma, é popular nas culinárias africana e brasileira. Ele é produzido a partir do fruto do dendezeiro – um tipo de palmeira originária do oeste da África. Indispensável na cozinha afro-brasileira, o dendê é utilizado em pratos como o vatapá e o acarajé.

Cachaça

Essa aguardente de cana-de-açúcar é usada no preparo do coquetel brasileiro mundialmente conhecido:  a caipirinha. A cachaça é obtida com a fermentação e destilação do caldo de cana. A palavra tem origem na língua quicongo, do grupo banto (atualmente Congo, Angola e  Moçambique). A cultura da cachaça no Brasil começou no tempo de escravidão, quando os africanos trabalhavam na produção de açúcar proveniente da cana. O método consistia em moer a cana, ferver o caldo obtido e, em seguida, deixá-lo esfriar. Desse processo, resultava a rapadura – produto que tinha como finalidade adoçar alimentos e bebidas. Quando o caldo fermentava, o açúcar da garapa se convertia em álcool. Hoje, o Brasil produz 1,3 bilhão de litros de cachaça por ano. A bebida é a segunda mais consumida do país, ficando atrás apenas da cerveja.

Axé

O termo geralmente é usado como o “assim seja”, da liturgia cristã, e também “boa-sorte”. Contudo, segundo as religiões afro-brasileiras, axé (do iorubá ase) é bem mais do que isso: é a energia vital encontrada em todos os seres vivos e que impulsiona o universo.

Candomblé

Esta é a religião de matriz africana mais praticada no Brasil. Em virtude da proibição da prática do candomblé no passado, aconteceu um sincretismo – a junção dos cultos do candomblé com o catolicismo. Até hoje, alguns católicos e praticantes do candomblé celebram juntos a lavagem de Senhor do Bonfim (no candomblé Águas de Oxalá), Santa Bárbara (no candomblé Iansã), Nossa Senhora dos Navegantes (no candomblé Iemanjá). Candomblé é a união do termo quimbundo candombe, que significa “dança com atabaques”, com o termo iorubá ilé ou ilê (casa): “casa de dança com atabaques”.

Macumba

Macumba (quimb makumba) é uma religião que começou a ser praticada na primeira metade do século XX no Rio de Janeiro e é uma variante do candomblé. Originalmente, a palavra se referia apenas ao instrumento musical utilizado em cerimônias religiosas de raíz africana.

Muvuca

Mvúka, de origem banta e língua quicongo, significa aglomeração ruidosa de pessoas como forma de lazer, celebração.

Cuíca

O instrumento, chamado em Angola de pwita, é semelhante a um tambor e contém uma haste de madeira interna e fixa. O som é produzido ao esfregar a haste com um pano úmido. Seu uso foi muito difundido na música popular brasileira e, por volta de 1930, passou a fazer parte das baterias das escolas de samba.

Abadá

Hoje em dia, a palavra abadá é conhecida por se referir à camiseta de carnaval recebida na compra do ingresso para blocos de rua. Ela tem origem no iorubá e originalmente era utilizada para se referir às batas/túnicas brancas vestidas em rituais religiosos.

Cachimbo

Instrumento utilizado para fumar, geralmente, tabaco. A palavra deriva do termo kixima de uma das línguas bantas mais faladas em Angola: o quimbundo.

Esta lista foi elaborada pelo aplicativo de idiomas Babel.
Veja mais palavras do site Raizes do Samba:
A
ABADÁ – Túnica folgada e comprida. Atualmente, no Brasil, é o nome dado a uma camisa ou camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos carnavalescos.
ABARÁ – Quitute semelhante ao acarajé. A massa feita de feijão fradinho e os temperos são os mesmos. Os bolinhos envoltos em folhas de bananeira são cozidos em banho-maria.
ACARÁ – Peixe de esqueleto ósseo.
ACARAJÉ – Bolinho feito de massa de feijão-fradinho frito no azeite de dendê e servido com camarões secos.
AFOXÉ –  Dança, semelhante a um cortejo real, que desfila durante o carnaval e em cerimônias religiosas.
AGOGÔ – Instrumento musical formado por duas (ou três) campânulas ocas de ferro.
ALUÁ – Bebida feita de milho, arroz cozido ou com cascas de abacaxi.
AMUO  – sm. Mau humor passageiro, revelado no aspecto, gestos ou silêncio; arrufo, calundu.
ANGOLA – Nome dado a uma das mais conhecidas modalidades do jogo de capoeira e, também, a um dos cinco países africanos de língua portuguesa.
ANGU – Massa de farinha de milho ou de mandioca. Angu-de-caroço: Coisa complicada.
AXÉ – Saudação; força vital e espiritual.
AZOEIRA – Barulhada, zoeira, bagunça.
B
BABÁ – Ama-seca; pessoa que cuida de crianças em geral; pai-de-santo; a origem é controvertida sendo, para alguns estudiosos originária do quimbundo, e para outros do idioma iorubá.
BABACA – Tolo; boboca.
BAGUNÇA – Baderna, desordem.
BALANGANDÃS  – Enfeites,originalmente de prata ou de ouro, usados em dias de festa.
BAMBAMBàou BAMBA – Maioral, bom em quase tudo que faz.
BAMBERÊ – Cantiga de ninar entoada por negras velhas da Região Amazônica. (“Bamberê, bamberá / criança que chora quer mamá / Moça que namora quer casá / Galinha que canta quer botá / Bamberê, bamberá)
BAMBOLÊ – Aro de plástico ou metal usado como brinquedo.
BANCAR – Fazer o papel de; fazer-se de.
BANGÜÊ – Padiola de cipós trançados na qual se leva o bagaço da cana.
BANGUELA – Desdentado. Os escravos trazidos do porto de Benguela, em Angola, costumavam limar ou arrancar os dentes superiores.
BANGULÊ  – Dança de negros ao som da puíta, palma e sapateados.
BANTO  – Nome do grupo de idiomas africanos em que a flexão se faz por prefixos.
BANTOS – Povos trazidos do sul da África, principalmente de Angola e Moçambique, que espalharam sua cultura, idiomas e modos.
BANZAR – Meditar, matutar.
BANZÉ – Confusão.
BANZO – Tristeza fatal que abatia os escravizados com saudades de sua terra natal.
BAOBÁ – Árvore de tronco enorme, reverenciada por seus poderes mágicos.
BATUQUE – Dança com sapateado e palmas, com som de instrumentos de percussão. É uma variante das rodas de capoeira, praticada pelos negros trazidos de Angola para o interior da Bahia. No sul do Brasil, é sinônimo de rituais religiosos e, no interior do Pará, é uma espécie de samba.
BERIMBAU – Instrumento musical, composto de um arco de madeira com uma corda de arame vibrada por uma vareta, tendo uma cabaça oca como caixa de ressonância.
BIRITA – Cachaça; gole de cachaça.
BITELO – Grande; de tamanho exagerado.
BOBÓ – Um tipo de purê feito de aipim ou inhame.
BOCA-DE-PITO – Pitada; tragada em cigarro, charuto ou cachimbo; disposição para fumar provocada pela ingestão de café ou bebida alcoólica.
BOMBA – Certo doce de forma cilíndrica ou esférica feito de massa cozida e glaçado na parte superior.
BOROCOXÔ – Molenga. Entristecido.
BRUACA –  Espécie de mala ou sacola que se levava no lombo de animais.
BUGIGANGA – Objeto de pouco ou nenhum valor ou utilidade.
BUNDA – Nádegas, na língua falada pelos bundos de Angola.
BÚZIOS – Conchas marinhas usadas antigamente na África como moedas e, em nossos dias, em cerimônias religiosas e em jogos de previsão.
C
CAÇAMBA – Balde para tirar água de um poço; local onde se depositam detritos.
CACHAÇA – Bebida alcoólica; pinga; durante muito tempo, os negros escravizados, banhados em suor, giravam manualmente as rodas dos engenhos de açúcar e, do vapor originário da fervura do caldo da cana, escorria pela parede e pingava do teto (daí o porque o nome “pinga”)a bebida de sabor clássico, que ardia nos olhos e foi batizada de “pinga”.
CACHIMBO – Tubo de fumar, com um lugar escavado na ponta para se colocar o tabaco.
CACIMBA – Poço ao ar livre, onde se retém a água da chuva para diversas finalidades. Cova que recolhe água de terrenos pantanosos.
CAÇULA – O mais novo.
CACULÉ – Cidade da Bahia.
CACUNDA – Corcunda. Corcova. Costas.
CAFIFE – Diz-se de pessoa que dá azar.
CAFOFO – Lugar que serve para guardar objetos usados; nos dias atuais, serve também para designar moradia pequena, mas aconchegante.
CAFUÁ – Esconderijo. Casebre.
CAFUCA – Centro; esconderijo.
CAFUCHE – Irmão do Zumbi.
CAFUCHI – Serra.
CAFUNDÓ – Lugar afastado, de acesso difícil.
CAFUNÉ – Coçar a cabeça de alguém.
CAFUNGÁ – Pastor de gado.
CAFUZO – Mestiço de negro e índio.
CALANGO – Lagarto. Dança afro-brasileira.
CALOMBO – Inchaço. Quisto, doença.
CALUMBÁ – Planta
CALUNDU – sm. Mau humor; amuo.
CALUNGA – sf. 1. Coisa qualquer de tamanho reduzido. 2. Boneco pequeno. O mar; boneca carregada pelas damas do paço nos desfiles de reis e rainhas dos Maracatus de nação em Pernambuco; símbolo da realeza e do poder dos ancestrais.
CAMUNDONGO – Rato pequeno.
CANDOMBLÉ – Casas ou terreiros de diferentes nações – Angola, Congo, Jêje, Nagô, Ketu e Ijexá – onde são praticados os rituais trazidos da África. Esses cultos são dirigidos por um Babalorixá (pai-de-santo) ou por uma Ialorixá (mãe-de-santo). Um dos mais tradicionais é o de Gantois,em Salvador, na Bahia. No passado, o candomblé foi muito perseguido.
CANDONGA – Intriga, mexerico.
CANGA – Tecido com que se envolve o corpo. Peça de madeira colocada no lombo dos animais.
CANJERÊ – Feitiço, mandinga.
CANJICA – Papa de milho verde ralado.
CAPANGA – Guarda-costas. Bolsa pequena que se leva a tiracolo.
CAPENGA – Manco. Com andar de bêbado.
CAPOEIRA – Jogo de corpo, agilidade e arte, que usa técnicas de ataque e de defesa com os pés e as mãos. As rodas são acompanhadas por palmas, pandeiros, chocalhos, berimbaus e cânticos de marcação.
CARIMBO – Instrumento de borracha. Marca. Sinal.
Carimbó – Tipo de dança afro-brasileira originária da região norte do Brasil.
CARURU – Iguaria da culinária afro-brasileira, feita com folhas, quiabos e camarões secos.
CASSANGUE – Grupo de negros da África.
CATIMBA – Manha. Astúcia.
CATIMBAU – Prática de feitiçaria.
CATINGA – Fedor; mau cheiro.
CATITA – Pequeno, baixo, miúdo. Nome dado no Nordeste a um ratinho novo.
CATUNDA – Sertão.
CATUPÉ – Cortejo afro-mineiro. As fardas de seus integrantes são enfeitadas de fitas, sendo que dançam e cantam acompanhados por instrumentos de percussão.
CAXAMBU – Grande tambor usado na dança harmônica.
CAXANGÁ – Jogo praticado em círculo. Os versos de uma velha cantiga, baseada nessa brincadeira, são bem populares.
CAXIXÍ – Chocalho pequeno feito de palha.
CAXUMBA – Inflamação das glândulas salivares.
CAZUMBÁ – Negro velho, personagem do Boi-Bumbá paraense.
CAZUMBI – Alma penada.
CHILIQUE – Desmaiar. “Ter um troço”.
CHUCHU – Fruto comestível.
COCHILAR – Breve soneca. Sono leve.
CONGADAS ou CONGOS – Danças dramáticas com enredo e personagens característicos, como reis, rainhas, príncipes, princesas, embaixadores, chefes de guerra e guerreiros, que se despedem, no final das apresentações, cantando.
COQUE – Bater na cabeça com o nó dos dedos. Tipo de penteado onde o cabelo é todo preso num arranjo único no alto da cabeça; há uma corrente que acredita ser o nome proveniente do inglês “cock”, que significa galo, e outra que associa o nome a barulho que é feito e também ao “galo” na cabeça.
CUBATA – Choça de pretos; senzala. Palhoça
CUÍCA – Instrumento musical que emite um ronco peculiar.
CUMBA – Forte, valente.
CUMBE – Povoação em Angola.
D
DENDÊ – Fruto de uma palmeira (dendezeiro), de onde é extraído o azeite.
DENGO – Gesto de carinho. Manha, birra.
DENGOSO – Manhoso. Chorão.
DIAMBA – Um tipo de erva alucinógena.
E
EBÓ – Oferenda feita aos orixás para se resolver os mais diferentes desejos e problemas.
EFÓ – espécie de guisado de camarões e ervas, temperado com azeite de dendê e pimenta.
EMBALAR – Acalentar; balançar; fazer adormecer.
EMPACAR – Não continuar. Não prosseguir. Diz-se quando o animal firma teimosamente as patas para não prosseguir viagem.
ENCABULAR – Envergonhar-se. Ficar vexado por algum motivo.
ENGABELAR – Enganar. Iludir jeitosamente. Trapacear. Engodo. Embuste.
ESCANGALHAR – Desordem. Confusão. Desmantelo. Dano causado por estrago.
ESPANDONGADO – Desajeitado. Defeituoso. Arruinado. Desarrumado. Relaxado. Descomedido. Arreliado.
EXU – Divindade que é considerada o intermediário entre o Céu e a Terra. Aquele que está em todos os lugares. Dono das encruzilhadas. Representa a ambivalência humana, os comportamentos e desejos contraditórios.
F
FAROFA – Mistura de farinha com água, azeite ou gordura.
FOFOCA – Intriga. Mexerico
FUÁ – Briga. Rolo. Desordem. Intriga. Diz-se também do eqüino arisco.
FUBÁ: Farinha de milho.
FULEIRO – Reles. Ordinário. Sem Valor. Farrista.
FULO: Irritado. Zangado.
FURDUNCIO – Também pronunciado e escrito como “Forduncio”, significa festança popular. Divertir-se com alarido. Barulho. Desordem.
FUNGAR – Fazer ruído com o nariz ao inspirar o ar. Assoar o nariz. Coriza na fossa nasal. Fuçar.
FUTUM – Mau cheiro. Fedor. Peixe morto na superfície da água.
FUXICO – Falar mal dos outros. Artesanato popular feito com pedaços de panos. Costurar superficialmente. Alinhavar. Amarrotar.
FUZARCA – Farra. Desordem. Bagunça.
FUZUÊ – Festa. Confusão. Turbilhão nas águas de um rio.
G
GALALAU – Pessoa muito alta.
GAMBÉ – Designação de um policial na gíria dos travestis, menores e delinqüentes em geral.
GANDAIA – Farra. Bagunça. Vadiagem. Ofício de trapeiro. Pessoa sem préstimo. Inerte.
GANGA ZUMBA – Título dado aos chefes guerreiros. Um dos mais famosos líderes da confederação de Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas.
GANZÁ – Chocalho.
GARAPA – Caldo da cana. Bebida formada pela mistura de mel-açúcar-água.
GERINGONÇA – Coisa malfeita e de duração precária. Objeto ou coisa estranhos cujo nome e finalidade não se conhece.Ginga – Bamboleio. Balanço com o corpo. Dançar com o corpo ao som de uma música ou instrumento. Movimento corporal na capoeira, na dança e no futebol. Sacerdotisa do culto Omolocô. Remo que se usa para fazer a embarcação balançar.
GINGA – Movimento corporal na capoeira, na dança e no futebol.
GOGÓ – Pomo-de-Adão. Garganta. Laringe
GONGUÊ – Instrumento musical semelhante ao agogô.
GOROROBA – Comida feita com restos de diversos alimentos. Diz-se também do indivíduo lento, molengão ou covarde.
GRIGRI – Amuleto que protege o seu possuidor.
GUANDU – O mesmo que andu (fruto do anduzeiro), ou arbusto de flores amarelas, tipo de feijäo comestível.
GUIMBA – Resto ou ponta do cigarro.
H
 – Interjeição de surpresa, espanto ou de admiração entre os Iorubás. Manifestação de incompreensão. Não entendimento.
I
IAIÁ – Tratamento dado às moças e meninas na época da escravidão. Na Luanda antiga, era o tratamento respeitoso que as filhas e netas dos escravos davam às patroas.
IEMANJÁ: deusa africana, a mãe d’água dos iorubanos.
IMPALA – Espécie de antílope africano. O nome batizou também um modelo de automóvel da Chevrolet.
IMPLICAR – Provocar. Amolar. Intrometer. Contender. (Atualização, a etimologia da palavra vem do Latim).
INHAME – Designação comum de um tipo de tubérculo comestível menor que a mandioca; homem de corpo defeituoso. Coisa ou objeto disforme ou deformada.
IORUBANO – Habitante ou natural de Ioruba (África).
J
JABÁ – Suborno oferecido a programador de emissora de rádio ou televisão para que inclua na programação determinada obra musical. Certo tipo de abóbora.
JABACULÊ – Gorgeta. Propina. Dinheiro.
JAGUNÇO – Capanga. Combatente das forças de Antonio Conselheiro na Guerra de Canudos. Cangaceiro.
JEGUEDÊ – Dança negra.
JERERÊ – Nome dado ao cigarro de maconha. Faísca. Centelha.
JERIBATA – Álcool; aguardente.
JILÓ – Fruto verde de gosto amargo.
JONGO – Dança tradicional afro-brasileira.
L
LAMBADA – Golpe dado com o chicote, tabica ou rebenque. Copo ou gole de bebida alcoólica. Dança de salão de origem amazônica. Significa bater, castigar, ferir, atingir com golpe ou pancada.
LAMBANÇA – Desordem. Sujeira. Serviço malfeito. Embuste. Trapaça em conversa ou jogo.
LAMBÃO – Indivíduo que não sabe lidar com as coisas sem sujar-se.
LAMBUJA – Vantagem que um jogador concede ao parceiro ou rival. Aquilo que se ganha ou dá além do combinado.
LAPADA – Lambada. Bofetada. Espécie de pá semelhante ao remo.
LARICA – Apetite desenfreado após a ingestão da maconha. Dificuldade. Aperto. Apuro.
LENGA-LENGA – Conversa, narrativa ou discurso enfadonho.
LERO-LERO – Conversa fiada. Palavreado vazio.
LIBAMBO – Bêbado (pessoas que se alteram por causa da bebida).
LUNDU – Primitivamente dança africana.
M
MAASSAGANA – Confluência, junção de rios em Angola.
MACULELÊ – Folguedo popular de origem baiana, misto de jogo de dança com bastões ou facões.
MACUMBA – Nome pejorativo dado aos cultos afro-brasileiros. Audaz. Ousado. Certo tipo de reco-reco. Cada uma das filhas de santo nos terreiros de origem Banta. Antigo jogo de azar. Antiga denominação que se dava à maconha.
MACUMBEIRO – adj. sm. Diz-se de, ou praticante da macumba. .
MALUCO – Alienado mental. Endoidecido.
MALUNGO – Título que os escravos africanos davam aos que tinham vindo no mesmo navio; irmão de criação.
MAMONA – Fruto da família das esforbiáceas. Rícino.
MAMULENGO – Fantoche. Teatro de fantoches.
MANDINGA – Bruxaria. Feitiço. Talismã. Qualidade de jogo de capoeira.
MANGAR – Zombar. Caçoar.
MANGUE – Comunidade geográfica localizada em áreas onde o solo é formado por uma lama escura e mole. Terreno lamacento.
MANHA – Choro infantil sem causa. Birra. Malícia. Ardil. Artimanha. Habilidade manual.
MARACATU – sm. Oriundo da região do Estado de Pernambuco (PE), é um cortejo carnavalesco que segue uma mulher que, num bastão, leva uma bonequinha enfeitada, a calunga. 2. Certo tipo de dança afro-brasileira. Em Recife/PE, os maracatus de nação representam embaixadas africanas com todo o séquito real.
MARACUTAIA – Trapaça. Embuste. Engodo. Golpe.
MARAFA(O) – Vida desregrada. Licenciosa. Cachaça. Vinho. Diz-se também do tipo de vida, por exemplo: “Viver na marafa…”, viver entregue ao vício da bebida e da vadiagem.
MANO – Tratamento respeitoso entre os antigos sambistas cariocas (“Mano” Elói, “mano” Décio etc.). Irmão.
MARIMBA– Peixe do mar. 2. Artifício de amarrar uma linha a algum objeto (pedra, garrafa, etc) para resgatar pipas onde não se alcança com as próprias mãos (RJ).
MARIMBONDO – Certo tipo de vespa.
MATUTO – Indivíduo que vive no mato. Na roça. Pessoa ignorante e ingênua.
MAXIXE – Fruto do maxixeiro. Certo tipo de chuchu espinhoso. Dança brasileira de salão.
MIÇANGA – Conta de vidro miúda. Ornatos feitos com esse tipo de conta. Colar.
MILONGA – Desculpas descabidas. Manhas. Dengues. Mexericos. Intrigas. Feitiço. Sortilégio Bruxedo. 2. Música e dança de origem platina.
MINGAU – Papa de farinha de cereais com leite, açúcar e outros ingredientes. Em língua oeste-africana, era um tipo de milho cozido em água e sal. Na linguagem Banta, é o ato de molhar o pão no pirão ou molho. (Retificação: Esta palavra vem do Tupi).
MOCAMBO – Cabana. Palhoça. Habitação miserável. Couto de escravos fugidos na floresta.
MOCHILA – Alforge. Bornal que se leva às costas.
MOCORONGO – Mulato escuro. Caipira. Indivíduo natural de Santarém/PA. Palhaço da folia de reis. Mosquito transmissor do impaludismo.
MOCOTÓ – Pata de bovino utilizada como alimento. Tornozelo.
MOLAMBO – Trapo. Pano velho rasgado ou sujo. Roupa esfarrapada. Indivíduo fraco e sem caráter. Corpo velho, cansado, moído.
MOLENGA – Mole. Indolente. Preguiçoso. Medroso e covarde.
MOLEQUE – Negrinho. Indivíduo irresponsável. Canalha. Patife.
MONDONGO – Indivíduo sujo e desmazelado. Boneco de pano sem governo.
MONGO – Sujeito bobo. Moleirão. Débil mental.
MOQUECA – Guisado de carne ou peixe tradicional da culinária afro-brasileira.
MORINGA – Garrafão ou bilha de barro para conter e refrescar água potável. Cântaro.
MUAMBA – Cesto ou canastra para transporte de mercadorias. Furto de mercadorias nos portos. Contrabando. Negócio escuso. Do Quimbundo: Carga.
MUCAMA – Escrava doméstica. Concubina. Escrava que era amante do seu senhor.
MULUNGA – Árvore.
MUNGUZÁ – Iguaria feita de grãos de milho cozido, em caldo açucarado, às vezes com leite de coco ou de gado. O mesmo que canjica.
MUQUIFO – Lugar sujo e em desordem. Palavra ligada ao Kicongo, significa também latrina. Casebre. Choupana
MURUNDU – Montanha ou monte; montículo; o mesmo que montão.
MUTAMBA – Árvore.
MUTRETA – Trapaça. Confusão.
MUVUCA – Confusão. Algazarra.
MUXIBA – Pelanca. Pedaços de carne magra. Retalhos de carne que se dá aos cães. Mulher feia. Bruxa. Seios flácidos de mulher.
MUXINGA – Açoite; bordoada.
MUXONGO – Beijo; carícia.
N
NENÊ – Criança recém-nascida ou de poucos meses. Provém do Umbundo “nene”, que quer dizer pedacinho, cisco.
O
ODARA – Bom. Bonito. Limpo. Branco. Alvo.
OGUM ou OGUNDELÊ – Deus das lutas e das guerras.
ORIXÁ– Divindade de religiões afro-brasileiras. Divindade secundária do culto jejênago, medianeira que transmite súplicas dos devotos suprema; divindade desse culto; ídolo africano.
P
PAMONHA – Certo tipo de iguaria derivada do milho. Diz-se também da pessoa molenga. Inerte. Desajeitada. Preguiçosa. Lenta.
PATOTA – Turma. Grupo.
PENDENGA – Litígio. Rixa. Contenda.
PERRENGUE – Dificuldade ou aperto financeiro. Diz-se também da pessoa fraca. Covarde. Animal imprestável.
PIMBA – Pênis de menino
PINDAÍBA – Falta de dinheiro. Miséria feia. (Atualização: Esta palavra é de origem Tupi).
PINGA – Aguardente extraída do caldo da cana.
PIRÃO – Papa grossa de farinha de mandioca. (Atualização: Esta palavra é de origem Tupi).
PITO – Cachimbo. Cigarro. Repreensão. Censura. Dar bronca.
PITOCO – Objeto ou utensílio o qual já falta uma parte essencial. Parte amputada ou a restante no corpo humano.
PUITA: corpo pesado usado nas embarcações de pesca em vez fateixa.
Q
QUEIMANA – Iguaria nordestina feita de gergelim .
Quenga – Guisado de quiabo com galinha. Mulher prostituída. Meretriz.
QUENGO – Cabeça. Região próxima da nuca.
QUIABO – Fruto de forma piramidal, verde e peludo.
QUIBEBE – Papa de abóbora ou de banana.
QUIBUNGO – Invocado nas cantigas de ninar, o mesmo que cuca, festa dançante dos negros.
QUILOMBO – Valhacouto de escravos fugidos. 2. Quer dizer acampamento ou fortaleza. Folguedo popular alagoano em forma de dança dramática.
QUIMBEBÉ – Bebida de milho fermentado.
QUIMBEMBE – Casa rústica, rancho de palha.
QUIMGOMBÔ – Quiabo.
QUINDIM – Doce feito com a gema do ovo, côco e açúcar. Na Bahia significa também meiguice, dengo, encanto, carinho.
QUITUTE: Comida fina, iguaria delicada. Iguaria. Acepipe. Canapé.
QUIZÍL(I)A – Antipatia ou aborrecimento. Ojeriza. Aversão. Implicância.
QUIZUMBA – Confusão. Briga.
R
REQUENGUELA – Engelhado. Encolhido. Tímido. Fraco. Sem substância.
S
SAMBA – Dança cantada de origem africana de compasso binário (da língua de Luanda, semba = umbigada). Nome genérico de um ritmo de dança afro-brasileiro.
SAPECA – Diz-se de moça muito namoradeira ou assanhada. Diz-se também da criança muito arteira.
SARAPATEL – Guisado feito com sangue e miúdos de certos animais, especialmente o porco.
SARARÁ – Alourado. Arruivado.
SARAVÁ – Palavra usada como saudação nos cultos afro-brasileiros, significa “salve”.
SENZALA: alojamento dos escravos.
SERELEPE – Vivo. Buliçoso. Astuto. Esperto.
SOBA – Chefe de trigo africana.
SONGAMONGA – Pessoa dissimulada. Sonsa. Débil. Boba.
SOVA – Dar pancadas com a mão. Espancar.
T
TAGARELA – Pessoa que fala muito e à toa.
TANGA – Pano que cobre desde o ventre até as coxas.
TANGO – Dança argentina popularizada no Brasil, proveniente do espanhol “tango” e do Kimbundo “tangu” (pernada), que era uma forma de bailado de negros ao som de tambores e outros instrumentos.
TRAMBIQUE – Negócio fraudulento. Vigarice. Logro.
TRIBUFÚ – Maltrapilho. Negro feio.
TU – Diz-se do negro tido como sendo bruto. Boçal. Grosseiro. Oposto ao negro bom e passivo; “…Este samba/que é misto de maracatú/é samba de preto velho/ samba de preto TÚ…”; Pode ser também uma redução de Bantú.
TUNDA – Surra. Sova. Crítica severa.
TUTANO – Substância mole e gordurosa no interior dos ossos.
TUTU –  Maioral. Manda-chuva. Indivíduo valente e brigão. Feijão cozido e refogado ao qual se vai adicionando farinha até dar a consistência de pirão. Dinheiro. Grana.Suborno. 2. Iguaria de carne de porco salgada, toicinho, feijão e farinha de mandioca.
U
URUCUBACA – Azar. Má sorte. Diz-se também de uma praga rogada por pessoa inimiga.
URUCUNGO –  sm. Berimbau (instrumento musical).

V
VATAPÁ – sm. Da culinária (comida), iguaria de origem africana, à base de peixe ou galinha, com camarão seco, amendoim etc., temperada com azeite de dendê e pimenta.
X
XARÁ – Pessoa que tem o mesmo nome que outra.
XENDENGUE: magro, franzino.
XEPA – As últimas mercadorias vendidas nas feiras livres, mais baratas e de qualidade inferior. Sobras. Coisa inferior.
XODÓ – Amor. Sentimento profundo que se demonstra por algo ou alguém. Carinho.
Z
Zabumba – Tambor grande. Bumbo.
ZAMBI ou ZAMBETA: cambaio, torto das pernas. zumbi: sm. Fantasma que vaga pela noite, segundo lenda afro-brasileira. Nota: Nome do herói nacional Zumbi dos Palmares.
ZANGAR – Causar zanga (de zangado). Mau humor. Birra. Irritação. Diz-se também de coisa estragada ou azeda.
ZANZAR – Andar à toa. Sem destino.
ZIQUIZIRA – Doença ou mal-estar cujo nome não se conhece.
ZOEIRA – Conhece-se também por Azueira. Algazarra. Falatório.
ZOMBAR – Tratar com descaso. Escarnecer. Gracejar.
ZUNZUM – Boatos. Cochichos. Mexericos.

Fonte: https://www.geledes.org.br/conheca-palavras-africanas-que-formam-nossa-cultura/

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