Pais de um menino de 12 anos acusam uma professora de português de uma
escola municipal de Sumaré (SP) de sugerir o uso de 'cintadas' e
'varadas' como forma de educar o filho. Em um bilhete em papel timbrado
da Escola Municipal José de Anchieta, a educadora solicita que os pais
conversem com o aluno porque o garoto estaria tendo comportamento
inadequadro na sala de aula. Em observação escrita à mão, a professora
diz que, caso a conversa não resolvesse, a alternativa seria partir para
a agressão. "Quer conversar com o seu filho? Se a conversa não
resolver. Acho que umas cintada vai resolver (sic!)", escreve a
professora.
O texto tem erros de concordância verbal e termina com outra sugestão.
"Esqueça tudo o que esses psicólogos fajutos dizem e parta para as
'varadas'", completa o bilhete. A denúncia e a cópia do documento foram
enviadas para o VC no G1.
De acordo com os pais, o menino, que está na 5ª série do ensino
fundamental, tem dificuldade de aprendizado, diagnosticada há cerca de
dois anos.
O estudante iniciou tratamento com psiquiatras e psicólogos para
ajudá-lo nos estudos, o que, de acordo com o garoto, virou motivo de
perseguição da professora na sala de aula. "Ela fala que eu preciso
tomar remédio, que eu tinha problemas mentais e que nunca vou ser nada
na vida", relata o garoto. "Eu achei o bilhete um absurdo. Ela mandou
meus pais me agredirem e isso não é adequado para uma professora",
completa.
Depois de receberam o bilhete no começo deste mês, os pais decidiram
fazer uma reclamação formal à diretoria, mas a escola não se posicionou a
respeito até sexta-feira (22), de acordo com o pai do estudante.
"Chegou em um ponto absurdo. Ela (a professora) tem conturbado ainda
mais o andamento escolar dele, que já tem dificuldade de aprendizado. A
gente sempre soube que ele tinha dificuldade, mas ele sempre esteve lá,
estudando", diz o comerciante André Luis Ferreira Lima.
Os pais dizem que o filho é vítima de bullying. "Coisas que ela deveria
falar em um ambiente particular, ela fala em frente aos alunos. A
classe toda pega no pé dele, porque a própria professora fica o
ofendendo. Não é porque o aluno tem dificuldade que a professora pode
rebaixar alguém na sala de aula", conta André Lima. A mãe do garoto,
Lucineide Ferreira Lima, conta que o filho pediu para trocar de escola
por causa da postura da professora. "Se ele precisa de ajuda, não é com
'varadas' e 'cintadas' que eu vou fazer isso. A ajuda dos psicólogos e
psiquiatras tem sido boa, ele tem melhorado e se sentido bem. E é assim
que vamos educá-lo", defende a mãe.
Em nota, a supervisão da Secretaria Municipal de Educação de Sumaré diz
que a direção está tomando as providências administrativas sobre o
fato. De acordo com a direção da escola, "a professora enviou o bilhete
sem o conhecimento do grupo gestor da escola. A regra diz que todo
bilhete deve passar antes pela orientação ou coordenação".
Ainda em nota, a secretaria afirma que uma psicóloga conversou com
todos os professores da 5ª série, inclusive com a professora que enviou o
bilhete, mas alega que desde quinta-feira (21), a mãe do aluno não
retorna as ligações da escola. Os pais dizem que passaram todos os
números de telefone da família foram disponibilizados para o contato. O
aluno está frequentando as aulas normalmente. A professora também
continua lecionando e ainda não foi afastada da função.
Fonte" G1/Globo"
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