ALUNAS DA REDE PÚBLICA LEVAM PROJETO SOBRE QUILOMBOLAS PARA FEIRA NOS EUA

Duas estudantes da rede estadual de ensino de Antônio Cardoso, cidade a cerca de 140 km de Salvador, vão representar o Brasil em uma feira de ciências nos Estados Unidos. Elas viajam neste sábado (9) e venceram as etapas estadual e nacional com um projeto que fala sobre a identidade das comunidades quilombolas.
Beatriz Santana e Tainá de Almeida ficaram em primeiro lugar em duas feiras de ciências do país com o trabalho sobre fortalecimento da identidade negra e quilombola na cidade. Agora, apresentam o mesmo projeto na maior feira de ciencias do mundo, que acontece há 66 anos, chamada "Intel Internacional Science and Engineering Fair". Elas serão as primeiras baianas a representam o estado no evento.
Tainá mora em uma das comunidades quilombolas de Antônio Cardoso. Toda a família, principalmente a avó, está orgulhosa do trabalho das estudantes. "Ela é igual a mim, eu sou negra, e eu tenho orgulho da cor da minha pele. Ela vai ser a mesma coisa que eu, sambadeira, cantadeira", diz Valdemira Sena de Almeida. Os vencedores serão anunciados no dia 15 de maio e estão concorrendo a U$S 4 milhões em bolsas de estudos e prêmios."É um grande orgulho, não só para os nossos familiares, para o nosso projeto, mas para o nosso estado, para o nosso país. E levar a cultura, que ela não fique presa só dentro de Antônio Cardoso, mas se expanda para o mundo todo", diz Tainá. "Eu considero a cultura daqui muito interessante e gostaria que todos pudessem ter contato para divulgar a história. E foi uma oportunidade para eu me conhecer melhor", afirma Beatriz.
A ideia de escrever o projeto surgiu depois que a professora de geografia levou para a sala de aula dados do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que revelavam que a cidade era o município com o maior número de negros declarados no país. "Tudo começou a partir do programa 'Ciência da Escola', projeto estruturante oferecido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia que forma os professores de maneira a trabalhar a alfabetização científica junto aos estudantes da educação básica. Com resultado do Censo do IBGE, achei interessante levar essa temática para discussão em sala de aula", explicou a professora Patricia Peixoto.
Elas são alunas do Colégio Estadual Antônio Carlos Magalhães. "Os alunos das escolas públicas têm competências, têm foco, determinação e eles têm mostrado isso, só precisam de oportunidades", afirma a diretora do colégio, Eudélia Pinheiro.

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