ALGUMAS REFLEXÕES ACERCA DO 13 DE MAIO...

Autora: Alaize Conceição: fomada em História pela UNEB - Campus V, mestranda em História Social pela UFBA. Atualmente desenvolve pesquisa acerca do universo cultural das Rezadeiras/es no município de Governador Mangabeira.
Na última quinta-feira (13/05/2010) comemorou-se 122 anos de Abolição da Escravatura representada mundialmente pela Assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel ( Lei Imperial n 3.353) sancionada em 1888. Do ponto de vista jurídico a data é extremamente significativa, sobretudo por “devolver” a liberdade das populações negras que durante séculos foram seqüestradas do continente africano e historicamente sujeitadas à condição de escravos/as nas Américas. Entretanto, a presente data também sugere cautela quanto o real significado do acontecimento. A emancipação do 13 de maio não resultou na superação das desigualdades e discriminações que assolaram e /ou assolam as populações negras no país, muito menos houve um primar das autoridades competentes de inserir esses indivíduos num projeto nacional que lhe permitissem acesso a Educação e/ou (re)inserção no mercado de trabalho.
Devemos conceber a citada data, do ponto de vista simbólico, como possível fomentadora do debate, sobretudo refletindo para além da visão convencional de generosidade da Princesa Isabel. Devemos levar em consideração, ao tempo em que, conceder visibilidade as diversas estratégias das populações negras de resistirem e contestarem o sistema escravocrata, sejam elas através de motins, rebeliões, formação de Quilombos, práticas religiosas e culturais, etc.
É válido ressaltar que o Brasil foi construído, principalmente pela larga contribuição das populações negras, desde o trabalho braçal forçado, obrigatório a contribuições de cunho sócio- cultural presente no país.
Que esta data possa servir para o despertar político de muitos que ainda não se engajaram e/ou se reconhecem enquanto NEGRO, pois só assim poderemos formar uma ‘elite” negra intelectualizada ( através de experiências educacionais e pedagógicas diferenciadas) capaz de intervir diretamente nos redutos mais conservadores da sociedade que por sua vez, ainda primam pela nossa exclusão racial e social.

A condição de escravizado não é inerente a um povo, mas uma imposição feita conforme interesses”.


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